quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Neve? Não obrigado.

Não consigo perceber o que tem de engraçado a neve. Muito honestamente. Quem gosta de certo que nunca teve de a gramar, mais do que um fim de semana na Serra da Estrela, onde até se torna giro, ou então numa estância de ski, o que é maravilhoso. Agora para os outros casos... acho-a uma boa treta.
Imaginem que estão nas vossas casinhas e que quando se levantam de manhã, deparam que esteve a noite toda a nevar. Primeira coisa a fazer: telefonar ao patrão a avisar que vão chegar mais tarde. Vale que ele também vai chegar atrasado. Porquê? Vou-vos demonstrar.
Quando neva, a sério, os carros ficam completamente atolados na rua. Temos de andar a raspar primeiro para descobrir-mos qual é o nosso e depois para podermos entrar para dentro dele, onde após algumas tentativas e com muito boa vantagem do motor, ele lá pega. Feita esta operação, espera-nos 15 minutos com uma pá na mão para desenterrar o carro da neve. Pegamos ao fim de 20 minutos no carro e lá se vai para o serviço, na calma, tentando com que o carro não embata em nada que esteja escondido debaixo de meio metro de neve espesssa. Quando se chega ao trabalho, não dá para se estacionar o carro. Porquê? Porque o mesmo monte de neve de onde tiramos o nosso carro do estacionamento, parece que se “tele-transportou” para todos os os estacionamentos disponíveis na cidade. Ou seja, ou mais meia hora com a pá na mão, ou mais 15 minutos à procura de outro lugar para depois vir a pé até ao posto de trabalho. Isto contando que se tem os pneus de neve montados nas rodas motrizes do carro, senão esqueçam o carro e pensem nele só para o próximo degelo, daí a pelo menos 2 semanas. E depois há sempre aquele vizinho simpático que quando desenterra o carro dele, sem querer atira ainda mais neve para cima do nosso, mas que também se desculpa e nos ajuda a tirar o nosso empurrando a neve dos dois carros para cima do próximo e sempre assim sucessivamente.
Uma das várias histórias que ja me aconteceu foi precisamente esta, a da porcaria da neve. Madrugada de ano novo. Quando saí do servico, havia “neve que não se podia”. Não havia táxis de serviço porque não arriscaram andar com o tempo que estava. Autocarro só daqui a hora e meia, e gentilmente o patrão me emprestou a viatura dele porque eu queria era vir dormir, com a condição de lhe ir entregar a viatura antes do meio dia, porque precisava dela. Até ter chegado a casa tudo normal. Como moro numa rua a subir, tipo Rua da Ladeira, não tão inclinada mas com 300 metros até chegar à porta, o carro não subiu e lá parti eu à aventura de descobrir um sítio. Quando o encontrei, estava a 20 minutos a pé de casa, olhei para as horas e cheguei à conclusão que já tinham passado 2 autocarros para o sítio onde moro, que me teria deixado a apenas 2 minutos a pé.
Claro que o que se passou umas horas depois, foi a tal história de desenterrar o carro, ir levá-lo, estacioná-lo, etc...
Mas para os que não estão contentes e continuam a achar que é bonito, esperem para saber como é andar a pé e nos autocarros.
Neve? Porra! Num postal de Natal é que ela é bonita. É que quando vejo as pessoas à janela a admirar a neve e a dizer que bonito, a mim ocorre-me o pensamento de: “Estou f...”.

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