sexta-feira, 26 de junho de 2009

A ultima ceia

A minha heresia, deu-me para escrever isto uma vez. Aconselho a acompanharem o texto com o quadro feito pelo grande Leonardo da Vinci.

Como era hábito, todas as quintas-feiras, um grupo de rapaziada, denominados Os Apóstolos (chamavam-se assim pois eles apostavam sempre a tudo e até tinham uma equipe de futsal), costumavam fazer uma jantarada. E como também era hábito, o jantar era a pagar por todos, só que daquela vez, Jesus fez questão de ser ele a pagar, pois tinha conseguido vender a carpintaria do pai, a quem chamavam Pedro dos Móveis, por um bom preço, enganando assim o novo proprietário.
Sem ninguém saber e até porque na altura ele ganhava bem, pois era titular de um cargo público, decidiu por sua livre e espontânea vontade, contratar uma moça para abrilhantar o jantar. O manjar foi no restaurante Escariotes, do qual o proprietário, Judas, também era um dos Apóstolos; e se havia coisa que ele não gostava, e com razão, era que lhe causassem problemas no estabelecimento, o que por parte de Jesus, quando já estava com os copos, era frequente. Mas como eram todos amigos e Jesus dava tacho para todos eles, no dia seguinte, ele passava por lá, pedia desculpa e continuava tudo como dantes. O resto da malta gostava de se rir com as peripécias e até a brincar costumavam dizer que Judas era traidor.
O jantar veio para a mesa, e no meio da cavaqueira, Jesus levantou-se e pediu para falar :
-Pessoal tomem lá atenção- disse Jesus. Como enganei o comprador da carpintaria do meu pai, decidi fazer uma surpresa. Resolvi trazer uma stripper para abrilhantar o jantar. Meus caros apresento-vos aminha amiga Maria… Madalena.
-Ainda bem que é isso. Pensei que ías entrar na paranóia que te andam a seguir e que ías pedir a alguém para ir chamar a GNR- disse André.
O pessoal achou porreiro, mas o Judas temeu o pior e no fim do espectáculo lá avisou o pessoal.
-Escutem uma coisa. Não contem nada disto lá fora, senão vem aí a bófia e eu é que pago a multa- disse Judas.
-Ninguém se chiba! –disse de imediato Pedro.
O jantar lá foi decorrendo até que o inevitável aconteceu. Jesus, já com o pincel, decidiu discursar para os amigos. Embora tenham tentado nada o demoveu.
-Meus caros- disse Jesus- estamos aqui hoje em confraternização, mas eu gostava de puder dizer que…
-Pronto, tinha de ser- disse Bartolmeu para Tiago Menor. O gajo até é porreiro, só que desde aquela história do pão, ninguém o cala, principalmente quando está bêbado.
-Mas que história foi essa ?- perguntou Tiago Menor. Lembro-me de me terem contado qualquer coisa, mas não tomei atenção.
-É pá, ele esteve a ver uma cena do Luís de Matos a explicar como fazia as ilusões. Pegou no pão que a mãe tinha acabado de fazer e foi para o quintal treinar o que tinha visto. A vizinha estava à estender a roupa, viu, foi chamar a irmã, que chamou a prima, que chamou a amiga… No fim disse que aquilo parecia um milagre, as pessoas só ouviram que era um milagre e pronto. E mais, com isto tudo ainda ganhou umas massas com entrevistas para a TVI- disse Bartolomeu.
-Ele deve de ser judeu, com certeza ! E depois admira-se que lhe queiram fazer a folha e que tenha a bófia à perna- disse Tiago Menor.
-Mas também vos digo uma coisa- disse André dirigindo-se aos outros dois. Agora que ele não nos ouve e para que não se convença ainda mais, se calhar é por causa disso que a mãe dele faz uma açorda que é uma maravilha.
Jesus lá continuava o seu discurso, só que não reparou que estava a falar sózinho, pois o pessoal já sabia o que a casa gasta, e sendo assim foram formando grupinhos de três e lá foram falando.
-Ele quando está assim é insuportável- disse João. Pobre rapaz.
-Oh João, desculpa lá que te diga, mas estás cada vez mais abichanado. És muito delicado, aliás dedicado demais para o meu gosto e não me digas que vais ser primeiro gay assumido da história!- disse Judas.
-É verdade que agora deste para o transformismo?- perguntou Pedro.
-Não seus tontos ! –replicou João encostando a cabeça a Pedro.
-Olha, ainda bem que estás assim- disse Pedro. Aproveito e roubo o resto do bife a Jesus, que pelos vistos não vai comer mais. Nisto pegou na faca e roubou-o do prato de Jesus.
-É pá, eu não quero cá ninguém a passar fome no meu restaurante. Se quiseres eu faço mais- disse Judas.
Entretanto ao lado, Tomás, Tiago Maior e Filipe, riam-se alto com o que Jesus ía dizendo.
-Pessoal, para vocês os três acabou-se o vinho- disse Jesus. Ainda são novos e estão sob minha responsabilidade e como estão fartos de rir é sinal de que estão bêbados.
-Tu estás é maluco !- disse Tiago Maior indignado. Andas aí com um discurso que até custa a acreditar e não queres que me ria? Agora andas em cima de água e queres que te levem a sério? Estás mal aproveitado na política, o teu lugar era num palco a fazer rir a malta !
-Deixa beber só mais um !- disse Tomás.
-E eu, e eu, bebi tão pouco !- disse Filipe.
-Deixa lá os rapazes beberem- disse Bartolomeu levantando-se da mesa.
Lá prosseguiu o discurso, a farra, os copos, até que Jesus insistiu que era capaz de fazer levitar o seu copo só com o poder da mente.
-Nem penses !- disse Judas com prontidão.
-Mas eu tenho o dom, a dádiva- disse Jesus.
Começou então a discussão a sério, que só acabou quando em medida de reconciliação Judas deu um beijinho na cara a Jesus, só para não ter que o aturar mais.
-Olha lá Simão, não achas que ele já está a abusar ?- perguntou Tadeu.
-E o que queres que eu faça? Ainda não ter começado com a história do bebei do meu sangue, já é sorte. Da ultima vez que aconteceu acabei por ter de ir pô-lo a casa. Encontrei-o deitado no chão a dizer que era vampiro, mas afinal de contas era mas era tinto. E por falar em tinto, deixa-me que te diga que o teu não vale nada- disse Simão.
-Mas olha só o estado do tipo! O mais certo é daqui a pouco isto dar confusão- disse Mateus.
-E eu vou fazer o quê? Talvez o Bartolomeu arranje solução- disse Simão. Bartolomeu, como nos livramos do tipo ?
-E eu sei lá !- disse Bartolomeu.
-Eu é que vou acabar com isto e é já agora- disse Judas completamente irritado. Vou chamar a Bófia e depois digam que eu é que sou o traidor, mas por hoje já não aturo mais gajos bêbados que armam confusão.
Para a história, fica a imagem captada pelas câmaras de segurança, durante o jantar.
No quadro pode-se ver os Apóstolos, da esquerda para a direita, que depois ganharam o torneio para veteranos em futsal : Bartolomeu, Tiago Menor, André, Pedro (que tem uma faca na mão), Judas (que tem uma bolsa na mão), João (com a cabeça encostada a Pedro), Jesus, Tomás (a apontar), Tiago Maior (de braços abertos), Filipe, Mateus, Tadeu e Simão.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Notícias: Côro do Getas

Estas notícias não aconteceram, mas pelo menos estão cheias de boas intenções. Podiam ter acontecido num mundo e numa realidade diferente, mas no entanto não são verdade; quer dizer, com um pouco de jeitinho, quem sabe. Pois bem:
Várias queixas obrigaram o Côro do Getas a fechar portas. A revelação foi feita pela direcção, que desapontada lá foi adiantando que infelizmente é verdade.
Na base da medida tomada, está o facto de os coristas estarem cada vez mais potentes a nível vocal, o que faz da boca dos mesmos verdadeiros megafones. A vizinhança tem apresentado muitas queixas na GNR que já foi medir os decibéis e decidiu autuar a instituição.
Aliás, vários problemas surgiram, quando numa noite mais longa, um dos coristas chamou alguns amigos que circulavam na rua, e devido ao seu vozeirão, acordou toda a vizinhança e fez disparar os alarmes dos carros, accionando também o alarme da Caixa Geral de Depósitos.
Quando há ensaios torna-se impossível dormir um raio de 2Km. O GETAS já foi alertado pelo Instituto de Segurança e Higiene no Trabalho que aquando da próxima vistoria, será multado, caso não estejam a ser cumpridas as normas de segurança, nomeadamente, protecção auricular e capacete, no caso do tecto desabar.
Em declarações alguns vizinhos, dizem que o som emanado pelo Côro, já fez abrir rachas nas paredes lá de casa e que o Côro tinha graça quando cantavam mais baixinho e menos afinado.
A direcção lamenta o facto de isto se estar a passar e vai dizendo que não sabe se tem dotação orçamental para pagar a advogados devido aos inúmeros processos que se avizinham.
Os coristas é que não se conformam e reclamam pois afinal de contas o que se passa é um processo normal de evolução. Já bem basta não poderem falar na rua depois das 10 da noite.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sem complexos

Ele há coisas que dão que pensar, não porque me preocupem, mas porque não as percebo. O tema que me trás aqui hoje, é nada mais nada menos, que a homosexualidade. Cá está, dá que pensar, não me preocupa e não a percebo, porque a maioria das pessoas que conheço não tem o mesmo conceito que eu. Logo, ou eu sou e nunca o soube que era, ou então anda meio mundo enganado com os conceitos do que é ser macho e ser gay.
Vamos por partes. Ser gay, é gostar e ter (se conseguir) relações sexuais com pessoas do mesmo sexo.
Ora este meu conceito é simples, eficaz e é assim que eu vejo as coisas, e nada mais do que isso: homosexual é a pessoa que tem relações sexuais com parceiros do mesmo sexo. Sei que me estou a repetir, mas tentei criar uma plataforma de partida.
Ora o que eu não percebo são as pequenas coisas que os ditos “machos” fazem, ou não, para classificar de, homo ou hetero, uma pessoa. Assim como não percebo que definição utilizam eles para se distinguirem uns dos outros.
Eu poderia falar de casos em concreto mas vou-me limitar a falar de mim, assumindo desde já que não sou gay, mas também não me incluo no tal grupo de pessoas que se acham “muito machos”.
Não vejo qual é o problema de se cumprimentar um amigo muito próximo com 2 beijinhos na cara ou com um abraço mais prolongado, pois se isto é ser gay para os “muito machos”, aviso desde já que todos já o fizeram, pelo menos com os vossos pais (os meus grandes amigos Ivo e Esfrega que o digam).
Ir à praia e aplicar creme protector para o sol, nas costas de pessoa do mesmo sexo, não é ser gay, é antes aplicar creme protector para o sol, porque sozinhos não conseguimos. Eu sei que os “muito machos” não usam estas mariquices, mas lamento informar que possiveis doenças de pele não é característica dos machos e que na praia ninguém anda a reparar nisso (por certo que o meu amigo Carlos “Botas” me dá razão depois do que passamos: somos, não somos? E a Alemanha perdeu a guerra!).
Dizer a um amigo que gostamos dele ou a uma amiga que gostamos dela, não significa sermos gays para os nossos amigos ou amantes para as nossas amigas (e isto há muita gente que pode confirmar).
Sabermos dançar e termos a tentação de ir para a dança ou para o teatro, porque encontramos lá pessoas bem interessantes, não faz de nós gays (o pessoal do Getas que confirme).
Tomar banho todo nu, com muitos homens, não é ser-se gay ou para lá caminhar, nem muito menos ter essa inclinação (que o digam todos aqueles com que tive o prazer de jogar à bola).
Beber da mesma garrafa de um homem sem limpar o gargalo, além de não apanharmos nenhuma doença, não é gay (que digam todos aqueles com quem bebi copos).
E claro não é nada “muito macho”, estar uma noite inteira encostado ao balcão às bocas às meninas, não se é mais macho por se ser capaz de beber mais minis que os outros, nem muito menos se é um “muito macho”, antes pelo contrário, quando repetidamente se diz a uma pessoa do mesmo sexo: vê lá se te vou ao c...! Ser-se macho é gostar, tentar e, muito importante, ter relações com mulheres, de forma satisfatória, de modo a deixar uma porta aberta a que isso se possa suceder pelo menos uma segunda vez.
É que às vezes, quando falam, fica a impressão que não têm mãos a medir para elas, quando na realidade... todos o sabemos. Apenas uma palavra amiga aos gays: sempre podem explicar aos machos que “ser-se” não é doença, ao contrário da impotência.
E claro como eu costumo dizer, em caso de dúvidas, é uma questão de combinar uma hora e depois logo se vê.
Eu trato assim os meus amigos. Abraços e beijinhos para vocês todos.

P.S.- Só para que conste, ainda hoje estou à espera de reclamações. Em caso de ser preciso reclamar, podem fazê-lo por mail.