sábado, 5 de dezembro de 2009

Um ano depois com laranjas

Fez no passado dia 14 de Novembro, 1 ano que aterrei em terras helvéticas. Parece que passou rápido.
Durante este último ano, muita coisa mudou, e não sei quantificar nem quanto nem o que poderá ter sido, pois fico com a impressão que sempre assim fui.
Durante este ano que passou, as surpresas foram muitas, que agora não as vou querer dizer, mas o que mais me surpreendeu, foi o Verão que passou; não pela estação do ano mas pelas conclusões que pude tirar sobre pessoas que faziam parte do «meu mundo». Não falo dos amigos mas sim dos que eu pensava que até poderiam ser e daqueles que com grande surpresa minha se tornaram pessoas que eu passei a estimar mais. Escusado será dar nomes, pois a consciência de cada um assim o fará, mas este período de tempo, fez com que eu refina-se os que tenho realmente como amigos, assim como comecei a dar mais valor a umas quantas pessoas que me surpreenderam pelas boas razões. Um conselho que vos deixo: afastem-se uns tempos de onde vivem e vejam o quadro mais de longe, pois vê-se melhor os defeitos e as virtudes.
Nestes últimos tempos, descobri novas coisas sobre mim, coisas que me tornam único, tal e qual a impressão digital do dedo indicador direito. Quer dizer, eu não as descobri, pois já existiam há muito tempo, mas depois de associadas, fazem de mim um tipo mesmo único e quando atar as botas, mais nenhum sobrará à face da terra ; como tal sou um exemplar único, não só pelo ADN mas pelo que fiz, ou neste caso, pelo que não fiz.
Penso estar em condições de assumir que sou o único lagarto que não fez 3 coisas que todos os outros fizeram pelo menos uma vez na vida : 1- Não fui a nenhuma viagem a França organizada pela Câmara ; 2- Quando era músico da FUS não aceitei o convite para ir para a OLA(S), Orquestra Ligeira de Abrantes (e Sardoal) ; 3- Nunca fui a nenhuma festa do Avante.
Durante muito tempo admiti a hipótese de ser um desgraçado e que descerei ao inferno quando morrer, mas com o passar dos anos, descobri que fui um sortudo. É que duvido que estas 3 situações possam voltar a formar uma tríade para alguém, e depois disseram-me que no Inferno existe muito mais divertimento do que no céu (e depois o meu currículum já me fechou as portas a qualquer eventual entrada).
Não falarei das razões que me levaram a optar, sem ser obrigado, pelas decisões que me fizeram uma ave rara e em vias de extinção, mas hoje garanto-vos que não me queixo nem me arrependi.
Termino este texto pedindo desculpa a toda uma geração de rapaziada nova, mas não era minha intenção desonrar-vos. Depois de muitas experiência aventuras em conjunto, depois de muitas tácticas e semanas de estudo, depois de coragem e bravura que davam para 3 exércitos, eu, aqui há dias dei comigo a comprar, imagine-se: LARANJAS num supermercado. Quando cheguei a casa é que percebi o erro que tinha feito e a cobardia que desonrou toda uma geração ; aquela geração que roubava laranjas, fosse em que horta fosse. Logo eu, tido em linha de conta como um especialista. De facto, e vai quase para 30 anos, não me lembro de uma única vez que tenha as comprado. Nunca se lembraram disso? De ir a um supermercado comprar, entre outras coisas, laranjas? Pois experimentem e descubram uma nova sensção: a de chegar a casa e surpreender quem pegar nos sacos das compras; é que elas vão dizer: com tantas laranjas que há por aí nas hortas tinhas de as ir roubar ao supermercado?