segunda-feira, 16 de março de 2009

Os Senhores Doutores que me desculpem, se quiserem

Não tenho nada contra as pessoas que se graduaram ou pós-graduaram. Não tenho nada contra nenhuma profissão nem pretendo ter, pois já tive muitas e como uma vez me disseram: não exite boas nem más profissões, existem é bons e maus profissionais.
Agora que já fiz uma observação importante, vou então começar.
Doutor, é aquele que fez douturamento. Teve boa classificação no desempenho de funções, mestrou-se, apresentou tese de douturamento, foi aprovado, fez tese, defendeu-a e foi aceite como tal. Ou seja, tudo o que não correponda a isto, não é um “verdadeiro Doutor”, mas sim um Doutor aceite e apelidado por pessoas que não estão qualificadas para os devidos efeitos. Com a agravante de que quem asim age, age em pressupostos de meados do principio do século XX, quando nas zonas rurais, tratavam-se os estudantes da cidade e das famílias com posses, com tal designação, com a devida e infeliz ignorância que desse tempo imperava.
Só que estamos em pleno século XXI, o Homem já foi à lua, além de muitas outras coisas, e também já existe televisão, jornais e internet, espalhados por todo o lado.
Ser Doutor, é algo mais que ser-se graduado (com bacharlato ou licenciatura), ou mestrado. É ter o devido Douturamento e, muito importante, ser competente, responsável e civicamente exemplar. Ser Doutor, não é profissão. Ser médico, advogado ou outra profissão qualquer, onde se assina o nome com um “Dr.” não é ser Doutor. E querer com falsos artefactos superiorizar-se e elevar-se social e estruturalmente perante os outros, com títulos académicos que não lhe são devidos, acho-os perfeitamente descabidos, indignos para com os verdadeiros Doutores e desrespeitosos para com todos os que os possam rodear.
Seria mais sério ir à conservatória e antes dos dois ultimos nomes, pedir para acrescentar a sigla “Dr.”! E assim sendo, ter o devido e legal direito de se puder apelidar de Dr. Silva Grácio (usando o meu nome para não levantar problemas).
Tudo mais para mim é treta, mas como falo só por mim e como não quero voltar a ser incomodado por mails a advertir-me que devo de tratar as pessoas pelo seu grau académico, ou pelo grau académico que gostariam de ter, decidi escrever isto em jeito de resposta.
Para dar um exemplo, acontece que quando me perguntaram o nome, eu respondi Daniel. Estava eu sentado ao balcão, não fosse eu sardoalense, e em resposta ao meu nome soube que a pessoa que ali estava sentado ao lado se chamava Franck (nome fictício). Só Franck, foi assim que ele se apresentou e foi assim que respeitosamente tivemos uma pequena conversa. Passado uns momentos, uma pessoa me disse que eu tinha estado a falar com o Administrador Financeiro do cantão de Neuchâtel.
Ora bem, mesmo sendo ou não Doutor, as pessoas são pessoas e como tal têm um nome dado quando nascem, que o usam até morrerem. Posso dizer que ele é competente e em momento algum, depois de saber que eu sou português, vim para a Suíça e que trabalho num restaurante, o facto de se tratar de um Administrador, não desvalorizou a minha pessoa, nem se notabilizou mais por isso e é no fundo um mortal comum. É que isso de ser-se falso Doutor só funciona enquanto as pessoas mais mesquinhas e sem personalidade, quiserem que eles o sejam. Enquanto não perceberem que as pessoas valem por aquilo que são e não pela arrogância que gostariam de ser, em Portugal os falsos doutores vão continuar a proliferar.
É que a formalidade é a arma mais poderosa dos incompetentes, e a formalidade devia de existir em pouca quantidade.

2 comentários:

Paulo Sousa disse...

Tens de ter mais cuidado com a língua...
Pelo menos se contuinuares a escrever em "tuguês" e quiseres um dia voltar aqui, o que de facto não te aconselho... :-)
Portanto, podes escrever em francês que assim ninguém aqui te entende e continuas a ser o "daniel", senão tás feito ao bife porque os Dr's aqui, estão cada vez mais "importantes" e isso pode sair-te caro :-)))

Abraço

Anónimo disse...

Caro Daniel, como diz o Paulo temos de ter alguma cautela com as palavras que proferimos e as posturas que tomamos, sendo que podemos correr riscos de sofrer danos colaterais. digo-te isto porque já senti isso na pele (não é facil viver numa vila pequena como o Sardoal, onde as pesoas são particularmente severas uma com as outras, pra não dizer, até mesmo mesquinhas (o pelouro agrada a muitos). quanto ao teu post sobre os doutores, eu sou da opinião que não são os estatutos que fazem as pessoas, mas as pessoas que fazem o estatuto. não vejo por mal que se faça menção ao estatuto, quando é feito de forma descontraida e positiva. No entanto, e penso que sei a que situação te referes, quando o usam para se posicionarem num ambiente que lhes é adverso para marcarem uma dferença relegando para segundo plano todos os outros que apesar de "ignorantes" tem provas dadas de participação e cidadania, isso é mau. Bem, os actos ficam com quem os pratica, e o povo é inteligente e sabe fazer selecção. desculpem-me os doutores mas eu acho que também tenho umas iniciais dessas e nem no serviço permito assim ser tratado. Sou e sempre serei o pedro, nascido entre os pinheiros do Sardoal, no seio de uma familia humilde e que tentou fazer algo da vida. À!!, lembrei-me agora Dr. é diferente de Doutor, pelo existem por ai muitos. Um abraço e continua a postar, é ver o sardoal assim a fervilhar, só tenho pena de não ter muito tempo para participar mais desta forma.