sexta-feira, 24 de abril de 2009

Coisas que fazem diferença

Nunca tive muito jeito, nem me entendi muito bem com aquelas velha história, bem à portuguesa, de que a vida vai mal e que tudo vai mal, as coisas são uma desgraça e que o futuro é negro. Com um pouco de sorte é daí que vem o fado, que tem como grande tema de fundo coisas “desgraçadas”, mas também nunca ninguém me disse que a vida é fácil. Na pior das opções, a vida é como um mar de rosas, bonito quando se olha só para as pétalas, mas não nos podemos esquecer que existemos espinhos.
Lembro-me bem que quando se fala com o pessoal, todos começam por dizer que a coisa vai mal, isto não está fácil, a crise está para durar, etc... mas ao fim de umas quantas minis começamos a reparar que afinal continuam a fazer mais ou menos o mesmo estilo de vida como se nada fosse.
Todos sabemos que a crise está aí e em força, mas também deviamos todos de saber que contra isso batatas, e o que deviamos de fazer era apertar mesmo o cinto e tentar, só por uma pequena vez, largar o nosso péssimismo. Não seria fácil, mas também não tinhamos muito a perder.
Agora que vou habitando por um país estrangeiro, natural são as comparações que vou fazendo com o meu país natal. Também aqui existe crise, pois para quem não sabe, esta coisa é mesmo global, mas a postura em relação ao que vou vendo e vivendo, torna-se completamente diferente. Não sou dos que dizem que no estrangeiro é que é bom e não tenho por hábito denegrir a imagem do meu país e compará-lo escusadamente com exemplos de países com outra cultura e outra dimensão mundial. É escusado, pois todos os países são bons, assim sejam bem geridos e bem explorados pelos seus governantes.
Agora há coisas que vou vendo por aqui que realmente, penso eu, marcam a sua diferença, e que de certa forma gostava que também fossem aplicádas na minha pátria. São aquelas coisas que comparadas com as notícias que vão chegando de Portugal, de certa forma deixam uma amargura na boca, não de terem acontecido, mas de não se aplicarem também em solo pátrio.
Como vou tentando relatar as minhas experiências , deixo-vos com mais um caso que se passou por aqui, e gostava de deixar à vossa consideração, a comparação com o que se passa “nesse” lado.
Uma deputada do cantão de Neuchâtel, depois de mais um desacato provocado pela própria, num bar nocturno (isto pela terceira vez este ano), onde decidiu partir uns copos, ofender os porteiros e tecer ameaças a outras tantas pessoas, entre as quais os polícias que foram chamados ao local, refugiando-se sempre na sua condição de pessoa eleita pelo povo, ameaçando “mexer os cordelinhos” para lhes desgraçar a vida, foi dois dias depois e provavelmente sem que a ressaca lhe tenha passado, excluída do cargo para o qual tinha sido eleita, por conduta imprópria e indigna para com os cidadãos que pagam os seus impostos.
Assim, sem grandes circos mediáticos, é aqui que mais admirado fico, não recorreu da sua sentença, escusando-se apenas a um pedido de desculpa pública, sabendo que nunca mais exercerá nenhuma função no estado helvético.
Não querendo fazer a (in)devida comparação com terras lusas, pois não contem com o meu patriotismo para isso, apenas gostava de acrescentar que concordo com o desfecho deste caso, e tenho pena de não poder ver mais vezes esta notícia.
Vocês que façam as comparações necessárias, se assim o entenderem. Eu já fiz as minhas considerações.

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